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Lisboa, Lisboa, Portugal
Desoculto nocturno é abordagem de várias questões: Ora surgindo desnudado à luz do grande leão dos céus, ora sob o manto diáfono da noite, festejando a princesa das trevas, em peregrinações, onde o piar dos mochos e o grito das raposas, são as únicas vozes que quebram o silêncio milenar de canadas e penedias, nas quais ritos e mistérios ancestrais, ainda vagueiam à solta - Envergando várias túnicas, desdobrando-me em múltiplas personagens - Ou é privilégio do poeta dos heterónimos, que só discorreu à mesa dum café ou acastelado em sua“aldeia”?..Sei que posso correr o risco de não ser tomado a sério: mas que fazer? . - Dizia-se de Florbela Espanca, que os poetas e os profetas “usam disfarces que os tornam semelhantes a tudo o que os cerca”- Quando criei este site, foi apenas a pensar nos chamados fenómenos do mundo paranormal: relatos pessoais, consequência da minha adolescência, em sabates noturnos?!.. Ou fruto de solitárias e longas experiências marítimas em calmos e tempestuosos mares?!.. Estas as interrogações que pretendi aqui abordar. Afinal, cedo constatei ser-me difícil passar indiferente à análise e à reflexão, ocasionalmente, de outros fenómenos e temas da actualidade

terça-feira, 29 de novembro de 2011

LUÍS RUI MEIRELES - EM MEMÓRIA DO POETA DA FLOR DA NOITE

Luís Rui Meireles – poeta. Natural de Moçambique – Tive o grato prazer de o conhecer, em casa do jornalista e escritor Guilherme de Melo, seu tio. Se fosse vivo, completaria, neste mês, 66 anos. Mas partiu na idade da prata. Luís Meireles, morreu em Novembro de 1987 – Era do signo escorpião e foram precisamente os Deuses de Marte e de Plutão, que o levariam cedo para sua companhia – Era um poeta talentoso e uma excelente pessoa. Um dos seus versos foi tema de um dos trechos musicais de um EP de Mafalda Sofia







Um amigo de longa data (ele o grande amigo do poeta), mandou-me a fotografia do Rui, através de e-mail. E que saudades me afloraram imediatamente à memória!... – Daquelas noites alegres de convívio em casa do Guilherme e das irmãs, onde não faltavam visitas amigas. Muitas das quais, companheiros nas tertúlias dos bares do Príncipe Real, onde era um frequentador assíduo das mais badaladas “capelinhas” - Hoje, com 80 anos, embora ainda envolvido nas suas escritas, por certo viverá mais preso à memória de que pensando no futuro. Já desde há alguns anos, que não o vejo, espero fazê-lo num destes dias – Se bem que, as informações que tenho, são de que ele, depois de uma vida de intensa actividade jornalística e literária, esteja agora buscando o recolhimento e a tranquilidade, numa espécie de paz conventual , não muito receptivo a receber mesmo os mais íntimos amigos - Porém, não deixarei de tentar - A ele dirijo-lhe aqui um grande abraço e votos de muita saúde e ainda de longa vida por muitos Janeiros (pois sei que é Capricórnio, faz anos no mesmo dia que eu faço - (sim, nasceu a 20 de Janeiro de 1931, na sua antiga e amada Lourenço Marques) actual Maputo



Para já, a razão deste post, é sobretudo de aqui evocar a memória do poeta Luís Rui Meireles, com um alguns fados de Mariza e a transcrição de um dos seus belos poemas – Sim, do poeta a quem Guilherme de Melo, seu tio, dedicou o romance “Como Um Rio Sem Pontes” - Rui Luís Meireles, era natural da cidade da Beira, entre muitos outros poemas, escreveu aquele que começa esta noite sou um rio/que te corre pelo peito/esta noite sou o mar/que se espraia no teu leito

Mas detemo-nos no que, seu maior amigo Jorge Heitor , transcreveu da obra do poeta e postou em sua memória no blogue: Jorge Heitor - blog.comunidades.net - Comunidades

.

Eu ouso a palavra
tão gasta de se dizer
ó luta ó vento ó terra
ó leito

(e a espada do meu amado
ó flor da noite)

Eu ouso aquele gesto
tão farto de se fazer
ó beijo ó posse ó lua
ó grito

(e a espada do meu amado
ó flor da noite)

Porque ouso aquele instante
temível de se viver

(e a espada do meu amado
ó flor
da noite)







Guilherme de Melo foi autor de quase uma vintena de obras. Desde o romance, conto e a poesia. A sua temática preferida era a homossexualidade(que assumia publicamente) e a guerra colonial .

Ainda em Moçambique, publicaria
A Menina Elisa, 1961; "A Estranha Aventura, 1962 As Raízes do Ódio, - Guerra e Paz (1969); Menino Candulo, Senhor Comandante (1974) - Depois do 25 de Abril, teve de vir para Portugal, com a família, tal como milhares de portugueses, devido à situação de instabilidade que então se instalou na antiga colónia portuguesa - A par do jornalismo, que não abandonou até se reformar, no Diário de Notícias foi ainda autor, entre outros título, tais como A Sombra dos Dias (1981)

  • Ainda Havia Sol (1984)
  • Moçambique Dez Anos Depois: Reportagem (1985)
  • O que Houver de Morrer (1989)
  • Os Leões Não Dormem Esta Noite (1989)
  • Raízes do Ódio (1990)
  • Como um Rio sem Pontes (1992)
  • As Vidas de Elisa Antunes (1997)
  • O Homem que Odiava a Chuva e outras estórias perversas (1999)
  • A Porta do Lado (2001)
  • Gayvota: um olhar (por dentro) da homossexualidade (2002)
  • Crónicas de Bons Costumes (2004)


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