Mais importante do que isso - aí, sim, julgo que seria uma medida prioritária e de largo alcance nos jogos de futebol - é a implementação do chamado quinto juiz e um chip na bola, por forma a não restarem as menores dúvidas quando a bola é introduzida na baliza ou sai fora das quatro linhas. Essas modificações na arbitragem, em muito ajudariam a diminuir as tão acesas polémica em lances de dúvida.
Mas não é isso que os árbitros mais desejam. E o meu receio vai consumar-se, já na próxima época, 2011/2012. O novo ano vai trazer à ribalta a chamada profissionalização da arbitragem. O Presidente da FIFA, para iludir, muita da sua incompetência e muitos dos seus falhanços e escândalos, na convocação de árbitros incompetentes, mais com o propósito porfiado de agradar a certos países, interesses económicos e politicas, e também para distrair a opinião pública de outras jogadas subterrâneas em que está envolvido (vejam-se as decisões, favorecendo a Rússia e o Qatar, como sedes das Copas do Mundo, 2018 e 2022- quem não reparou no Presidente Russo, na véspera a dizer que não ia comparecer nem ele nem o primeiro-ministro na cerimónia, pois não queriam com "com a sua presença influenciar o júri"?!... - Claro que já sabiam; já estava tudo bem acertado ), sem dúvida, compreende-se que, Blatter, o Presidente da FIFA, considere a profissionalização da arbitragem “uma obrigação.” Com o frágil argumento de que “os treinadores são profissionais, os jogadores são profissionais, não existe razão para que os árbitros não o sejam. E se alguns disserem que não há dinheiro suficiente para remunerá-los, eu responderia que há dinheiro suficiente nos campeonatos profissionais"Blatter garante que somente árbitros profissionais apitarão na
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Por cá, já os Lucilios e outros baptistas, fazem idêntico coro .Lucílio Batista diz que ter árbitros profissionais no Mundial2014 - Ora , uma coisa, não tem nada a ver com a outra. Um árbitro é o juiz de um jogo. A qualidade das suas decisões, tem mais a ver com a sua honestidade, isenção e formação, técnica, cívica e intelectual. Não é o facto de ter um vínculo profissional a uma federação, ter um ordenado certo ao fim do mês, que o vai tornar mais honesto e competente. O dinheiro, é importante, e cada pessoa deve ser paga em função dos seus méritos, mas de modo algum é o dinheiro que vai fazer, por exemplo, com que o treinador José Mourinho, ou o jogador Cristiano Ronaldo, superem o seu desempenho e as suas qualidades, sejam forçados a conquistar títulos. Pagam-lhe bem porque eles merecem. Obviamente, exige-se-lhe que correspondam às suas capacidades, à confiança e expectativas neles depositadas, de que já deram sobejas provas. Fruto de muito esforço e dedicação. Mesmo assim , não gozam de contratos que lhes assegurem, nos clubes, o vínculo de empregos duradouros. Dir-se-á que, treinadores e jogadores de futebol, tem contratos precários mas ao seu nível. O que os árbitros pretendem, não é isso: é um um vinculo de carreira, que lhe salvaguarde a mesada, a almofada que os proteja ao abrigo de todas as suas prepotências, arbitrariedades e asneiras.
NÃO SE DIABOLIZE AINDA MAIS O FUTEBOL...
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Basta de diabolizações do futebol. De maus luciferes - não de bons, que há muito poucos. Não se podem comparar alhos com bugalhos. Um árbitro, não é a mesma coisa que um jogador ou treinador. Tem funções distintas. O árbitro só é espectáculo se for mau árbitro. Não é ele que compete ser o maior protagonista num campo de futebol- Quanto menos der nas vistas, tanto melhor. Quanto muito, os melhores árbitros, deviam ser premiados, usufruírem de cachets que os pudessem distinguir dos maus árbitros e que não recebessem todos por igual tabela.
Os árbitros, dada a importância das suas decisões, tem de estar permanentemente, acima de qualquer suspeita e a ser escrutinados pelo público que acorre aos estádios ou vê as suas arbitragens através das televisões. Caso dependessem de um regime que lhe garantisse um ordenado certo ao fim do mês, e, sentindo-se assim tão seguros da mesada, em vez de entrarem em campo, esforçando-se por merecerem a aprovação dos seus juízos e decisões, estou certo que, tornar-se-iam mais corruptos e permeáveis. E que, o seu propósito, a sua maior preocupação, não seria tanto na qualidade e no rigor do seu desempenho, mas em ir ao encontro de certas capelinhas, nomeadamente, dos interesses clubistas e do seu patrão, de quem lhe deu o emprego ou de quem lhes enfiasse umas luvas nos bolsos para acrescentar ao ordenado.
NÃO FALTARIAM GREVES E ATÉ BEBEZANAS
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Seguros de bons ordenados, e certinhos, talvez passassem mais tempo nos bons restaurantes de que a zelar pela forma física. Não tardaríamos a ter, em vez de árbitros elegantes e de nádega redondinha, árbitros anafados e gordinhos e a cambalear pelos estádios. Veja-se o comportamento a que chegou a justiça – Não só cá; pois lá fora é a mesma coisa. Tão seguros estão, com a almofada do Estado, aqueles a quem compete zelar pelo cumprimento das leis, que até se dão ao luxo de fazerem greves. Com os árbitros de futebol – eles também juízes – talvez ainda fosse muito pior. Pois, unindo-se, então, por interesses cooperativistas, sentindo-se gozarem de um vínculo patronal, mais facilmente poderiam boicotar jogos de futebol, exercer pressões, de consequências gravíssimas para o fenómeno desportivo. Que não restem ilusões: se os árbitros se sentem injustiçados e mal pagos, então que se lhe aumentem os cachets. Se erram por erros de má formação técnica, então, ou que sejam substituídos por árbitros mais competentes ou obrigados a frequentar novos cursos , de aperfeiçoamento e desempenho, de acordo com as leis do futebol.Não falta quem lhes inveje o poder, que hoje já detêm, e desejasse estar no seu lugar.
Repito: não é o terem ou não um ordenado certo ao fim do mês que os vai tornar mais rigorosos e honestos – Longe disso, antes pelo contrário. Mas em função da sua mente, da sua inteligência e sensibilidade. Quem tem maus sentimentos e maus fígados, não é pelo facto de ter muito ou pouco dinheiro, no bolso ou garantido ao fim do mês, que vai corrigir os seus defeitos - Não falta quem queira ser árbitro: o que faltam no futebol é jogadores da craveira de Pélé, Figo, Eusébio, Ronaldo, Leonel Messi, entre mais uns poucos do seu nível. Ou treinador da categoria de Mourinho.
Sim, é um erro crasso enveredar-se pela profissionalização da arbitragem - A partir dessa altura, perder-se-á aquela que, tem sido, até hoje, uma das maiores garantias da independência das decisões e juízos nos estádios de futebol, o ser desempenhada por quem abraça essa difícil e arriscada missão, movido unicamente pelo amor à qualidade desportiva e não para ali arranjar um emprego, um tacho, altamente remunerado e mediático, para o resto da vida.
NOS CAMPOS DE FUTEBOL HÁ ARTE E COMPETIÇÃO, DE ALTO NÍVEL; TALENTOS EXTRAORDINÁRIOS - UM ESPECTÁCULO QUE TEM DE CONTINUAR A SER ARBITRADO, POR HOMENS, ISENTOS E INDEPENDENTES, MOVIDOS PELO CHAMADO ESPÍRITO OLÍMPICO - E NÃO PARA ALI IREM FAZER CARREIRA PROFISSIONAL - E, AFINAL, QUAL É O JOGADOR QUE TEM PROFISSIONALIZAÇÃO GARANTIDA, ENQUANTO NÃO CONTINUAR A DAR O SEU MELHOR? - NÃO SE CONFUNDA ARTE COM ARBITRAGEM.
O futebol não é uma questão que me interesse particularmente. Aprecio ver bons jogos e admiro os seus melhores atletas. Mas, obviamente, não posso ficar indiferente ao fenómeno desportivo: e o futebol, não pode ser considerado um espectáculo alienante (alienante e criminosas, são por exemplo as touradas); pelo contrário, nos campos de futebol, estão em permanente disputa, passos de muita magia e prodígio. Ao longo dos 90 minutos (ou mais, quando há prolongamento), estão em prova capacidades de uma enorme resistência, e até de se confrontarem enormes riscos, de se poder ficar inutilizado fisicamente para o resto da vida; percorrem-se dezenas ou centenas de quilómetros, durante cada jogo. Proporcionam-se extraordinários momentos de beleza e de emoção. É incomparavelmente o maior espectáculo das grandes massas. Gosto da boa música – nomeadamente, a música clássica – que me arrebata e predispõe a mente para estados superiores de harmonia e sublimidade espiritual, mas não tenho qualquer complexo em reconhecer que o futebol também é arte, com a sua expressão, com a sua linguagem, a sua música, a sua dança, os seus passos e dribles de magia e de encantamento.
Por isso, o meu desejo - se bem que as minhas divagações sejam mais de ordem espiritual e mística, na senda de peregrinações de silêncio e de isolamento, em contacto íntimo com a Mãe Natureza, que propriamente embrenhadas em questões de futebol, sim, no entanto, para bem desse tão popularizado desporto, faço sinceros votos, neste começo de Novo Ano, que haja boas arbitragens, que uma equipa não seja beneficiada ou prejudicada, por erros de arbitragem, por razões de corrupção e compadrio. A enveredar-se pelo vínculo ao emprego garantido (infelizmente, devido às exigências do mercado liberal, cada vez mais precário na maioria das profissões), não se avança, mas regride-me: vamos ter árbitros ainda mais prepotentes, soberanos e corruptos, envolvidos nas piores jogadas, menos no contributo para as boas arbitragens e melhorar o nível do futebol.
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