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Auto-fotografias
de Luis de Raziel
Restam-nos as pedras ... Algumas delas são exportadas
para vários países - E, porventura, talvez seja a única riqueza
aonde ainda nos possamos agarrar - Pois não vejo que apareça
por aí algum messias capaz de nos salvar
Uma cultura milenar - É sedutora e
dificilmente se perde - Quadro propriedade
do autor deste blogue
O dia primeiro do último mês do ano, não foi apenas mais um feriado - no conjunto dos feriados nacionais - mas a evocação a uma data muito especial: comemorou-se o 1º de Dezembro, o dia da Restauração de Portugal, face ao domínio Filipino - Penso que é das páginas mais belas da nossa História. Depois, disso, foi o acumular de um sem-número de desgraças. Actualmente, uma delas, é a de Portugal ter voltado a perder a sua independência - Não propriamente face à União Europeia – pois não vejo que seja este o maior dos males. Mas pelo facto de se ter transformado num verdadeiro Pagode ou Bazar Chinês.
Não há vila de Portugal – isto para já não falar das cidades – em que não haja lojas do grande país do sol nascente Pergunto: e quantas lojas já os portugueses abriram naquele longínquo país asiático? ... Julgo que poderão contar-se pelos dedos. E, em consequência, o que é que tem acontecido? Fábricas que fecham, comerciantes portugueses que, por não poderem competir com a concorrência dos produtos chineses (confeccionados com mão-de-obra ao preço da chuva) enceram as portas e milhares de portugueses vão parar ao desemprego. Mas isto passa-se, tanto em Portugal, como no resto da Europa e em muitos outros países: uma verdadeira invasão económica. E sem que fosse necessário, usar as armas, dar um único tiro! - Aliás, os chineses até são muito pacíficos nos países para onde emigram. Passam grande parte do seu tempo nas lojas - Muitos deles até comem lá e ali reúnem o seu núcleo familiar. Porventura, outros até lá dormem. Preferem os seus a empregarem gente estranha aos seus hábitos e cultura . E até há quem diga que, quando morrem, vão direitinhos de corpo e alma para o céu - É que, se algum morre, nem sequer aparece nas páginas do necrotério dos jornais. Não se vêem funerais. E ainda bem - é sinal de vitalidade e de saúde! Estão em todo o lado em todos os sectores de actividade: são donos de casinos e não tarda que sejam também eles a dominar sub-repticiamente a banca. Não os vejo é a imitar (no futebol) os novos ricos russos. Isso acabará por acontecer, inevitavelmente, mais tarde, quando o regime cair. Para já, parece que o importante é fazer o negócio e não dar muito nas vistas. Actualmente, a colónia chinesa, entre nós, não é das maiores. Porém, já são uns milhares. Mesmo assim, não há casos de polícia nos jornais.
Pessoalmente, nada tenho contra esses pacíficos comerciantes e até costumo ser um dos seus clientes (pois, a vida está cara e, conquanto alguns dos seus artigos não me ofereçam grandes garantias, os preços são realmente tentadores: além disso, são simpáticos, não regateiam sorrisos, quando é preciso sorrir. No fundo, o que querem é vender a mercadoria que têm nas prateleiras, receber seu dinheirinho, não ter problemas com ninguém e regressar um dia com um bom pecúlio na algibeira ao seu país, e o resto são cantigas! - São práticos, e, pelos vistos, não são muito apreciadores das nossas burocracias - E, afinal, quem gosta de ser estorvado no seu negócio?… Regem-se pela milenar sabedoria chinesa! Governa-te e deixa que os outros também se governem. Ou seja: compra o que quiseres e deixa vender quem vende - Lá na China o grande patrão é o Estado - e ai daquele que for apanhado a infringir as suas leis! - Já sabe o que lhe acontece. Porém, fora do grande continente amarelo, sentem-se, talvez, como se estivessem perante um verdadeiro oásis comercial: além das ajudas que recebem do seu governo, segundo se diz, gozam de especiais prerrogativas e de uma liberdade total dos Estados onde se instalam - O que a ditadura lá não lhes permite, as democracias ocidentais dão-lhe de bandeja e de sobra: entre outros benefícios fiscais, nomeadamente a possibilidade de mudarem de loja, quando apertados pelo mesmo fisco. É, pelo menos, o que para aí se comenta. Não creio que seja um procedimento generalizado - Mas também dizem que não faltam exemplos.
Já agora, a talhe de foice, conto um curioso episódio que se passou comigo, lá no meu burgo - digo lá, porque vivo habitualmente noutra cidade - Pois bem, o que é que sucedeu?!.. Fui a uma loja chinesa e, no acto de proceder ao pagamento, pedi uma factura ao comerciante que me atendeu na caixa. E sabem qual foi a factura que me passou? Nem mais nem menos que (a indicação da importância gasta) escrita a esferográfica num pedacinho de jornal chinês. “Então… mas não há um livro de facturas?” - questiono . E a cuja observação responde o dito comerciante, com o ar mais sério e sisudo deste mundo: “Eu não precisa disso. Se o Senhor não quer levar, deixa ficar! Não importa!… ” Como precisava dos artigos, não tive outra alternativa senão conformar-me com o pedacinho escrito no espaço em branco de uns caracteres da imprensa chinesa.
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Claro que ( numa aldeia global para onde nos atirou o liberal-capitalismo internacional) pouco ou nada já podemos fazer, face a esta espécie de fatalismo vertiginoso para onde também resvalamos. E onde os governantes são incapazes e incompetentes de travar essa vertigem!
Luís de Raziel
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