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Lisboa, Lisboa, Portugal
Desoculto nocturno é abordagem de várias questões: Ora surgindo desnudado à luz do grande leão dos céus, ora sob o manto diáfono da noite, festejando a princesa das trevas, em peregrinações, onde o piar dos mochos e o grito das raposas, são as únicas vozes que quebram o silêncio milenar de canadas e penedias, nas quais ritos e mistérios ancestrais, ainda vagueiam à solta - Envergando várias túnicas, desdobrando-me em múltiplas personagens - Ou é privilégio do poeta dos heterónimos, que só discorreu à mesa dum café ou acastelado em sua“aldeia”?..Sei que posso correr o risco de não ser tomado a sério: mas que fazer? . - Dizia-se de Florbela Espanca, que os poetas e os profetas “usam disfarces que os tornam semelhantes a tudo o que os cerca”- Quando criei este site, foi apenas a pensar nos chamados fenómenos do mundo paranormal: relatos pessoais, consequência da minha adolescência, em sabates noturnos?!.. Ou fruto de solitárias e longas experiências marítimas em calmos e tempestuosos mares?!.. Estas as interrogações que pretendi aqui abordar. Afinal, cedo constatei ser-me difícil passar indiferente à análise e à reflexão, ocasionalmente, de outros fenómenos e temas da actualidade

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

HOLDERLIN - "Todos os dias saio, sempre em busca de outro caminho, há muito interroguei já todos os da terra"

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Todos os dias saio , sempre em busca de outro caminho,
há muito interroguei já todos os da terra;
Além dos cimos frescos, todas as sombras visito
E as fontes; erra o espírito para cima e para baixo,
Pedindo sossego; assim foge o bicho f'rido pra os bosques,
Onde outrora ao mei'-dia repousava seguro à sombra;
Mas o seu leito verde já não lhe restaura o coração,
Lamentoso e sem sono o aguilhoa por toda a parte o espinho.
Nem do calor da luz nem do fresco da noite vem ajuda,
E em vão banhas as f'ridas nas ondas do rio.
e assim como debalde a terra lhe oferece a erva alegre
Que o cure, e nenhum dos zéfiros acalma os sangue a ferver,
Assim, queridos! assim a mim também, parece, e ninguém
Poderá tirar-me da fronte o sonho triste?

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Sim, também nada serve, deuses da morte! que uma vez

Vós o prendais, e amarreis o homem vencido,
Quando, malvados, o tenhais levado para o fundo da noite horrível

Para então buscar, implorar, ou raivar convosco,
Ou talvez paciente morar no desterro medonho,
E ouvir com sorriso da vossa boca a insípida canção:
"Se tem de ser, esquece o teu bem, e adormece sem ruído!"
E contudo brota no teu peito um som de esperança,
Tu não podes ainda, ó minha alma! inda não podes
Habituar-te, e sonhas no meio do sonho de ferro!
Não é tempo de festa, mas eu queria corar meus cabelos;
Pois não estou eu sozinho? mas algo de amigo deve
Lá longe estar perto de mim, e eu sorrio e espanto-me
De como estou feliz assim no meio da dor."

Holderlin.














Ó bons deuses! pobre é quem vos não conhece;
No peito rude nunca o dissidio se lhe acalma
E o mundo pra ele é noite, e nenhuma
Alegria lhe medra nem canção nenhuma

Holderlin



Blasfemo te chamaram? Com maldições
Te carregaram o coração e te amarraram
E te entregaram às chamas,
Santo Homem! Oh porque não voltaste

Em chamas do céu, pra ferir a fronte
Dos ímpios e mandar à tempestade
Que atirasse a cinza dos bárbaros
Pra fora da terra e da pátria?

Mas naquela em que vida amaste, a que te acolheu
Moribundo, a Natureza sagrada esquece
As acções do homens, e os teus inimigos
Entram, como tu, na paz antiga
.Holderlin

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Bem posso andar cada dia novos caminhos,
Ora pra a verdura do bosque, ora pra a fonte,
Para o rochedo florido de rosas,
Olhar do Outeiro para os campos - nenhures,


Ó Bela, nenhures te encontro na luz
E para os ares se me vão as palavras,
As piedosas palavras que ao pé de ti outrora


Sim, estás longe, ó face divina!
E a harmonia da tua vida se perde, de mim
Já não ouvida, e ai! onde estais vós,
Canções mágicas, que outrora meu coração

Acalmáveis co' a paz dos deuses celestes?
Há quanto tempo? há quanto tempo! o jovem
Envelheceu, mesmo a terra, que outrora
Me sorria, se transformou.

Holderlin

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