"EL COMANDANTE! LA CULPA NO ES MIA!"
Passaram-se, ontem, 30 anos, sobre a morte de Sá Carneiro. Foi um dia de evocação e de memória. E também de algum aproveitamento político. Através de cerimónias religiosas e com documentários de vários depoimentos e testemunhos, transmitidos pelas televisões. E ainda através da rádio e da imprensa. Que eu também acompanhei, com muita atenção, pois, tal como referi, em anteriores postagens, não só a personalidade de Sá Carneiro, me continua a fascinar, mesmo não pertencendo à sua área ideológica, como me despertou especial curiosidade as circunstancias em que perdeu a vida. Li ainda o jornal Diário de Noticias Sá Carneiro: O cadáver político mais exumado - e o Público, Sá Carneiro trinta anos depois , que publicaram desenvolvidos artigos. Depois, na FNAC do Colombo, comprei o livro de Freitas do Amaral: - Caso Camarate - Um Caso Ainda em Aberto. E confirmei as minhas suspeições, ou antes, o que eu intuíra com a publicação (30 anos depois), da referida obra e que ficara expresso na anterior postagem:LIVRO CASO CAMARATE: FREITAS DO AMARAL ACORDA TARDE E A MÁS HORAS...
VEJAM A CANTIGA: - "RECEEI, NA VERDADE, QUE, SE FALASSE EM DIRECTO, PUDESSE FICAR COM A VOZ EMBARGADA” - MAS QUE DESCULPA MAIS ESFARRAPADA - DE UM PROFESSOR, ADVOGADO E POLITICO EXPERIMENTADO.
Vejam bem a justificação e as fragilidades de um líder politico: do Prof.Doutor Diogo Freitas do Amaral já com tarimba, como docente, no velho regime fascista e que duvidava ser posto à prova, com uma comunicação directa ao país. Quantos políticos e actores? não se esforçam por esse momento: por verter lágrimas que impressionem e não sejam fingidas - Pois bem, perdeu talvez a melhor oportunidade da sua vida: a de não fingir e ser sincero e verdadeiro. Ou como diz o poema de Fernando Pessoa: "Para ser grande sê inteiro/Nada teu exagera ou exclui/Sê todo em cada coisa/Põe quanto és/No mínimo que fazes/Assim em cada lago a lua brilha/Porque alta vive".
UM POLÍTICO MUITO SENSÍVEL
"Quando cheguei ao edifício da RTP, informei de imediato os seus dirigentes, e os técnicos incumbidos da missão especial que se ia fazer, da decisão que tinha tomado no trajecto - gravar primeiro, e só depois deixar a gravação ir para o ar. Receie, na verdade, que, se falasse em directo, pudesse acontecer-me a meio ficar emocionado ou com a voz embargada: era um risco que, nas circunstâncias do momento, eu não podia correr. A minha comunicação ao país tinha de ser feita, na qualidade de substituto do Primeiro-Ministro, em tom firme e revelador de que não havia de minha parte e da parte do Governo, qualquer hesitação, medo ou desorientação. Era a autoridade do Estado e a manutenção da paz que estava em causa."
FREITAS DO AMARAL, POR MAIS JUSTIFICAÇÕES OU ESPECULAÇÕES QUE AGORA QUEIRA APRESENTAR NO SEU LIVRO, E REVELAÇÕES DE SCOTLANS À BAILA, LANÇANDO SUSPEITOS ESTRANGEIROS(MAIS DO QUE PERSEGUIDOS E VIGIADOS PELAS POLÍCIAS DO SEU PAIS, E, POR VENTURA, MAIS OCUPADOS COM A SUA FUGA, DE QUE A ENVOLVEREM-SE EM NOVOS SARILHOS), QUANDO, POR CÁ, CERTAMENTE, NÃO FALTASSE QUEM - LOGO À MÃO - FIZESSE O MESMO "TRABALHINHO" E TALVEZ POR MENOR PREÇO, CREIO, SIM, (NO MEU MODESTO ENTENDIMENTO) QUE, OS ANALISTAS MAIS ESCRUPOLOSOS, DIFICILMENTE PODERÃO COMPREENDER AS SUAS NEGLIGÊNCIAS: A BONDADE DAS INICIATIVAS QUE DIZ TER TOMADO, EM TEMPO ÚTIL.
VEM AGORA DIZER QUE SE EMPENHOU A FUNDO - MAS MUITO DO QUE AGORA AFIRMA, JÁ NÃO PODE SER CONFRONTADO E COMPROVADO. O TEMPO TAMBÉM APAGA MUITA COISA E HOUVE, ATÉ, QUEM JÁ PARTISSE PARA A ETERNIDADE E NÃO ESTEJA CÁ PARA O CONTRADITAR.. O LIVRO NÃO PASSA DE UMA MERA MANOBRA E FICÇÃO: -
NÃO PARA ESCLARECER MAS POR DESCARADO OPORTUNISMO: - COM VISTA A APROXIMAR-SE DA SUA ÁREA POLÍTICA, DA QUAL TEM ANDADO AFASTADO E TEM SIDO VIOLENTAMENTE ATACADO; EXTERIORIZAR VINGANÇAS A QUEM ODEIA (GENERAL RAMALHO EANES E O ANTIGO PROCURADOR CUNHA RODRIGUES), LANÇANDO AINDA MAIS POEIRA SOBRE A CORTINA DE CINZAS QUE ATÉ HOJE SE ADENSOU SOBRE O FATÍDICO ACIDENTE EM CAMARATE
QUE NÃO FOI ACIDENTE - COMO, DE RESTO, ELE RECONHECE - MAS, POR ISSO MESMO, NÃO SENDO OBRA DO DIABO, HÁ, OBJECTIVAMENTE, CUMPLICIDADES E CRIMINOSOS, CUJA DENÚNCIA OU INVESTIGAÇÃO, PELOS VISTOS, SE ALGUMA VEZ PRESTOU CONTRIBUTOS VÁLIDOS OU FOI IMPEDIDO DE O FAZER, NUNCA O MANIFESTOU OU DENUNCIOU PUBLICAMENTE: FICOU TUDO, LÁ POR CORREDORES E GABINETES ONDE TRANSITOU E A NÍVEL DOS SEUS PAPÉIS E DAS MERAS INTENÇÕES.
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Freitas do Amaral, além do hábil politico dos ziguezagues, de quem sabe capitanear o seu barco nas mais diferentes águas, por forma a estar sempre sobre a crista das ondas, é um grande ficcionista. Navega e dá lições. em direito, como poucos; nas hostes da politica, sabe sempre qual a melhor barricada em que se colocar e, acima de tudo, fala e escreve com inegável fluência. Expande-se à-vontade nos vários géneros: desde o teatro ao policial. A sua mais recente obra, é, sem sombra de dúvida, o mais notável exemplo. De tal forma, que, para criar o apetite aos leitores, teve o cuidado de previamente anunciar o “enredo” às prestações, desunhando-se em entrevistas, querendo agora fazer passar a ideia de que "se houve atentado, foi contra Amaro da Costa", por causa de se abafar a investigação "às contas de um fundo secreto ilegal, o Fundo de Defesa do Ultramar", quase insinuando, que, quem poderia estar por detrás do atentado, seria Ramalho Eanes - Seis anos depois, só Amaro da Costa é que sabia do segredo?... Só ele é que tinha o controlo da investigação?!..E então porque não se bateu, desde logo, em prosseguir com o processo e levá-lo até ao fim?.... - Mas, se alguma vez o fez, e se sentiu impotente, por que razão não denunciou o caso nos jornais?!... - Sempre tão ávidos de escândalos.
Sim, em parte, é capaz de ter razão, não fosse à última hora, Sá Carneiro (para sua infelicidade), haver trocado as voltas aos congeminadores (aceitado o bilhete na cessna, que não lhe era destinado), provavelmente, o atentado talvez também visasse, além de Amaro da Costa, o general Soares Carneiro: eliminar duas "sombras", certamente, por razões bem diferentes das que especifica: uma nas lutas, já fratricidas, pelo poder no seio do seu Partido; outra, como estorvo a opôr-se à vitoria, já mais do que certa de Ramalho Eanes, e haveria, certamente, quem, desejasse substituí-lo e estar no seu lugar. Freitas, no entanto, traz na manga várias cartas, que lança para o baralho do mesmo e já complexo tabuleiro.
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Para além da tentativa de um ajuste de contas ou a expressa vingança a antigos ódios recalcados - sim, outros objectivos, certamente, os terá em vista (alargando mais o leque de suspeições e gerando ainda maior confusão), intenções, que, por certo, só ele as conhecerá, mas que não deixarão de ser subentendidas a quem conheça a sua sinuosa personalidade e queira compreender as razões e os porquês de um livro, tão tardio.E, sobretudo, a uma atenta análise, mais do que factual, medúnica, sob o olhar atento daqueles que, desde que particularmente tocados na sua sensibilidade e no profundo sentir da sua alma - sim, por mais espessas barreiras, disfarces ou máscaras, com que lhe queiram barrar os sentidos e a visão, tais subterfúgios, de pouco ou nada servirão aos impostores.
QUEM ACUSOU DE INÉRCIA, FREITAS DO AMARAL, É PORQUE ESTAVA SUFICIENTEMENTE INFORMADO E TINHA A SUA RAZÃO
Diz no seu livro, "CAMARATE. UM CASO EM ABERTO: "quinze anos depois do acidente de Camarate, o Procurador-Geral da República, Dr. Jose Nraciso Cunha Rodrigues, acusou-me - em carta datada de 29 de Novembro de 1995 - do seguinte: "(...) Como é possível não ter Vossa Excelência reagido à inércia da Polícia, pelo menos quando, como membro do Governo, dispunha de poderes de tutela e fiscalização para o fazer"
A isto responde, entre outras justificações, (..)"Numa palavra: não exerci nenhum daqueles poderes que o meu "grande acusador" refere, não só porque a Constituição e a lei não mos davam, mas também porque eu ainda não conhecia um único dos factos e omissões que me poderiam ter levado a exercer esse tipo de poderes, se os tivesse."
FREITAS DO AMARAL, NÃO FOI AOS JORNAIS E TELEVISÕES A MANIFESTAR O SEU EMPENHO E AS SUAS PREOCUPAÇÕES, SOBRE O CURSO DAS INVESTIGAÇÕES, ENQUANTO GOVERNANTE, MAS AGORA QUER LANÇAR APELOS COMO O CIDADÃO, DE QUEM PARECE NUNCA TER TIDO RESPONSABILIDADES POLITICAS - EIS ALGUMAS DAS SUAS DECLARAÇÕES AO DN
O seu livro é, ao fim de 30 anos por resolver, uma ajuda à investigação ?
Este livro tem dois objectivos. O primeiro, salientar os aspectos em que a investigação foi mal conduzida - com a preocupação de afastar qualquer hipótese de atentado. O segundo, chamar a atenção para o facto de que, segundo as conclusões da última Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), ainda há matéria a investigar, e que [isso] deveria ser feito na legislatura seguinte.
O que não se verificou?
Nunca mais teve seguimento, e por isso é que faço um apelo como cidadão português às entidades competentes, nomeadamente aos líderes dos partidos que têm assento parlamentar, para a constituição de mais uma CPI. Não para repetir o que já feito, que não carece de ser reconfirmado, mas para concluir o que a última comissão disse ser preciso fazer.
(...)..Este Fundo seria uma nova pista?
Creio que está aí a chave do problema, porque tudo leva a crer que, se houve atentado, foi contra Amaro da Costa, que investigava a matéria. Quem se sentiu ameaçado deve ter tomado essa iniciativa, para que se concluísse o mínimo sobre a figura estranha do Fundo de Defesa Militar do Ultramar - In Estão a encobrir algo sobre atentado de Camarat
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