.................
.
O Rui Veloso é único no seu género musical e na sua pessoa. É uma espécie de cometa onde as estrelas se confundem umas com as outras. É este o panorama sob a abóbada do nosso pequeno firmamento que se ergue no estreito rectângulo à beira-mar plantado. Nasceu a 30 de Julho de 1957, em Lisboa, mas ainda foi bebé ( com três meses) para o Porto. Não tem nada de Lisboeta. É um típico tripeiro: no falar e no à-vontade de comunicar: os lisboetas são mais sisudos e convencidos. Não quer dizer que sejam todos assim: mas o faduncho triste e a indolência dos mouros do sul têm bastantes dessemelhanças da garra e vivacidade dos lusitanos ou celtas do Norte. Herda do signo Leão as melhores qualidades e virtudes. A determinação, o talento e a generosidade. Simples e ao mesmo tempo nobre de carácter. Completou agora 30 anos de carreira mas eu desejo-lhe que toque e cante mais trinta. Por muitas Primaveras bonitas que apetecem viver, mesmo dos dias que "tão depressa brilham como depressa estão a chover". Que viva ainda por muitas mais. Não sou um fã da musica rock. Mas gosto de o ouvir cantar e apreciei muito o seu "Chico Fininho," antes de ele ser mais uma "estrela no céu". Claro, das que verdadeiramente cintilam e brilham!
.
Sem dúvida, no começo dos anos 80, foi uma grande pedrada nos convencionalismos do charco. Dos convencidos que inovavam mas repetiam-se e imitavam-se até ao enfado. Era uma música que trazia uma nova lufada e incarnava simultaneamente uma personagem da nova geração, que, desiludida, já dos políticos e, para curtir a falta de guita nas algibeiras, despontava para as "curtes" ou "speeds". Marcou o começo de um período e um outro estilo. E o pronúncio dos shoppings e dos grandes centros comerciais que desertificam a cidade, a massificam e desumanizam ainda mais, os alvores do flagelo dos ácidos que corroem e matam como a "estricnina". E (com a sua "camponesa") até do abandono dos campos. Ele meio agarotado meio romântico de um tempo pós exageros revolucionários, pós mazelas e fascismos da guerra colonial e prenúncio dos democracismos fingidos e hipócritas. Que parece jamais ter sarado. Aliás, se agravaram com a peste dos mercado global e dos liberalismo selvagens. .Que cada vez mais se reflecte nos bairros da fome, da merda, da solidão e da miséria. E que então parecia já rever-se no próprio intérprete. Que o denunciava meio a sério meio a brincar. Talvez com mais eficácia das então já estafadas e comprometidas baladas militantes.
Ele também escorreito e magro, afável e carinhoso, popular e desprendido, simpático e meio matreiro, amigo do seu amigo mas sempre ele mesmo ("por mais amigos que tenha, sinto-me sempre sozinho") com o mesmo olhar e sem vaidades. Hoje está um bocadinho mais cheiinho. Mas é ainda a voz e imagem emblemáticas do eterno Rui das baladas, canções e músicas inimitáveis! O sentir e as preocupações da juventude do pós 25 de Abril e das actuais. gerações. Cujas letras e o canto, vão sendo apreciadas e lembradas pelos que agora - tal como ele - já são pais. Num meio quase submerso e invadido pelo género pimba, cujo amolecimento pseudo-romântico, com resquícios de provincianismo piegas parece difícil de curar, ele aí está, o Rui Veloso, igual a si próprio, ainda a cintilar, tal como dantes, com a mesma alegria e matriz como principiou, tal como a estrela da manhã, ao raiar no horizonte. Igual no seu brilho mas sempre o despontar de uma nova alvorada. Sem porém lograr ocultar as duras realidades sociais da vida que a matizam. Ele continua a ser a estrela brilhante da noite ou da manhã que ao mesmo tempo que traz o brilho, alegria; é ainda aquela que é o bordão do pastor e atenta vigia.
.
Com pena minha, não o tenho acompanhado nos seus concertos mas sei que continua a ser a mesma pessoa. Romântico, risonho, folgazão e desprendido quanto baste. Já não há canções de amor capazes de durarem um dia ou uma noite inteira. Curte uma trip de beijos e depressa fareja outra na esquina. Não vai nos ácidos mas gosta de um bom Porto doce e fininho. E, tal como o chico, conhece à distância os tripados da Ribeira. O seu olhar e o sorriso - onde ainda há muita ternura, bondade e franqueza - não o desmentem. Elevou-se e popularizou-se no panorama musical português - e até já foi distinguido com uma das mais altas condecorações -, no entanto, nem por isso o estrelato lhe subiu à cabeça e lhe modificou a sua maneira de ser. Os egoísmos e a falsa modéstia não moram no rosto dele. O Rui é do melhor que o nosso Genuíno Povo tem.
.
Conheci-o, pela primeira vez, em 1980. Como o tempo passa!… Ainda o estou a ver a chegar a uma estação de rádio, acompanhado do David Ferreira: ia ser entrevistado pelo Júlio Isidro, creio que no programa da Grafonola Ideal. Depois vi-o no programa televisivo “Febre de Sábado de Manhã. Por essa altura, tive oportunidade de falar com ele. E também mais vezes: uma das quais, a poucos dias do seu casamento: encontrei-o, já não sei a onde e teve a amabilidade de me mostrar a sua nova casa: era para os lados da Avenida da República. Ainda a estava por mobilar. Mas agora já há uns anos que não o vejo pessoalmente. Espero que um dia calhe. Para lhe dar um grande abraço: mas que, desde já, aqui já lhe envio, com os desejos de mais canções, de boa música e muitas felicidades e alegrias - para ele, para os que acompanham e os que ouvem e admiram. Que os longínquos astros o continuem a iluminar e a propiciar muitos amigos e admiradores e que nunca se sinta sozinho: senão na letra da canção mas não no sentimento, nas suas qualidades artísticas, nas daqueles que o acompanham, na sua extraordinária sensibilidade e talento, nada falte ao seu generoso coração.
Luís de Raziell
Rui Veloso - Site Oficial - Entrada......Rui Veloso mostrou 30 anos de carreira em concerto.
O Rui Veloso é único no seu género musical e na sua pessoa. É uma espécie de cometa onde as estrelas se confundem umas com as outras. É este o panorama sob a abóbada do nosso pequeno firmamento que se ergue no estreito rectângulo à beira-mar plantado. Nasceu a 30 de Julho de 1957, em Lisboa, mas ainda foi bebé ( com três meses) para o Porto. Não tem nada de Lisboeta. É um típico tripeiro: no falar e no à-vontade de comunicar: os lisboetas são mais sisudos e convencidos. Não quer dizer que sejam todos assim: mas o faduncho triste e a indolência dos mouros do sul têm bastantes dessemelhanças da garra e vivacidade dos lusitanos ou celtas do Norte. Herda do signo Leão as melhores qualidades e virtudes. A determinação, o talento e a generosidade. Simples e ao mesmo tempo nobre de carácter. Completou agora 30 anos de carreira mas eu desejo-lhe que toque e cante mais trinta. Por muitas Primaveras bonitas que apetecem viver, mesmo dos dias que "tão depressa brilham como depressa estão a chover". Que viva ainda por muitas mais. Não sou um fã da musica rock. Mas gosto de o ouvir cantar e apreciei muito o seu "Chico Fininho," antes de ele ser mais uma "estrela no céu". Claro, das que verdadeiramente cintilam e brilham!
.
Sem dúvida, no começo dos anos 80, foi uma grande pedrada nos convencionalismos do charco. Dos convencidos que inovavam mas repetiam-se e imitavam-se até ao enfado. Era uma música que trazia uma nova lufada e incarnava simultaneamente uma personagem da nova geração, que, desiludida, já dos políticos e, para curtir a falta de guita nas algibeiras, despontava para as "curtes" ou "speeds". Marcou o começo de um período e um outro estilo. E o pronúncio dos shoppings e dos grandes centros comerciais que desertificam a cidade, a massificam e desumanizam ainda mais, os alvores do flagelo dos ácidos que corroem e matam como a "estricnina". E (com a sua "camponesa") até do abandono dos campos. Ele meio agarotado meio romântico de um tempo pós exageros revolucionários, pós mazelas e fascismos da guerra colonial e prenúncio dos democracismos fingidos e hipócritas. Que parece jamais ter sarado. Aliás, se agravaram com a peste dos mercado global e dos liberalismo selvagens. .Que cada vez mais se reflecte nos bairros da fome, da merda, da solidão e da miséria. E que então parecia já rever-se no próprio intérprete. Que o denunciava meio a sério meio a brincar. Talvez com mais eficácia das então já estafadas e comprometidas baladas militantes.
Ele também escorreito e magro, afável e carinhoso, popular e desprendido, simpático e meio matreiro, amigo do seu amigo mas sempre ele mesmo ("por mais amigos que tenha, sinto-me sempre sozinho") com o mesmo olhar e sem vaidades. Hoje está um bocadinho mais cheiinho. Mas é ainda a voz e imagem emblemáticas do eterno Rui das baladas, canções e músicas inimitáveis! O sentir e as preocupações da juventude do pós 25 de Abril e das actuais. gerações. Cujas letras e o canto, vão sendo apreciadas e lembradas pelos que agora - tal como ele - já são pais. Num meio quase submerso e invadido pelo género pimba, cujo amolecimento pseudo-romântico, com resquícios de provincianismo piegas parece difícil de curar, ele aí está, o Rui Veloso, igual a si próprio, ainda a cintilar, tal como dantes, com a mesma alegria e matriz como principiou, tal como a estrela da manhã, ao raiar no horizonte. Igual no seu brilho mas sempre o despontar de uma nova alvorada. Sem porém lograr ocultar as duras realidades sociais da vida que a matizam. Ele continua a ser a estrela brilhante da noite ou da manhã que ao mesmo tempo que traz o brilho, alegria; é ainda aquela que é o bordão do pastor e atenta vigia.
.
Com pena minha, não o tenho acompanhado nos seus concertos mas sei que continua a ser a mesma pessoa. Romântico, risonho, folgazão e desprendido quanto baste. Já não há canções de amor capazes de durarem um dia ou uma noite inteira. Curte uma trip de beijos e depressa fareja outra na esquina. Não vai nos ácidos mas gosta de um bom Porto doce e fininho. E, tal como o chico, conhece à distância os tripados da Ribeira. O seu olhar e o sorriso - onde ainda há muita ternura, bondade e franqueza - não o desmentem. Elevou-se e popularizou-se no panorama musical português - e até já foi distinguido com uma das mais altas condecorações -, no entanto, nem por isso o estrelato lhe subiu à cabeça e lhe modificou a sua maneira de ser. Os egoísmos e a falsa modéstia não moram no rosto dele. O Rui é do melhor que o nosso Genuíno Povo tem.
.
Conheci-o, pela primeira vez, em 1980. Como o tempo passa!… Ainda o estou a ver a chegar a uma estação de rádio, acompanhado do David Ferreira: ia ser entrevistado pelo Júlio Isidro, creio que no programa da Grafonola Ideal. Depois vi-o no programa televisivo “Febre de Sábado de Manhã. Por essa altura, tive oportunidade de falar com ele. E também mais vezes: uma das quais, a poucos dias do seu casamento: encontrei-o, já não sei a onde e teve a amabilidade de me mostrar a sua nova casa: era para os lados da Avenida da República. Ainda a estava por mobilar. Mas agora já há uns anos que não o vejo pessoalmente. Espero que um dia calhe. Para lhe dar um grande abraço: mas que, desde já, aqui já lhe envio, com os desejos de mais canções, de boa música e muitas felicidades e alegrias - para ele, para os que acompanham e os que ouvem e admiram. Que os longínquos astros o continuem a iluminar e a propiciar muitos amigos e admiradores e que nunca se sinta sozinho: senão na letra da canção mas não no sentimento, nas suas qualidades artísticas, nas daqueles que o acompanham, na sua extraordinária sensibilidade e talento, nada falte ao seu generoso coração.
Luís de Raziell
Sem comentários:
Enviar um comentário