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Vale Cheínho ou Vale Cheiroso - Devido à sua exposição privilegiada, aqui se fixaram vários povos, havendo vestígios de ocupação desde o neolítico, até à actualidade - Nomeadamente as ruínas de algumas casas de quintas, como seja, uma antiga casa senhorial, servida por um antigo caminho romano e abastecida pela água de uma fonte românica, com lagar de azeite e de vinho, forno rústico, cavalariças e pombal. A pouco mais de quilómetro e meio da minha aldeia - a que pertencem também os actuais herdeiros
Uma dia - depois de devidamente iniciado - poderá ser mais um dos companheiros a visitar o mítico Solar dos Ventos Uivantes - no recinto do qual - até aos anos 60 - se reuniam as velhas bruxas das aldeias vizinhas - Já desaparecidas. O passeio ideal é o nocturno. Mas só o percurso é fascinante!...Às vezes tem-se a sensação de que ainda se ouvem por lá as vozes e os cânticos dos agitados sabates, em que participei na minha adolescência.
Vivo em Lisboa para mal dos meus pecados - Não gosto desta cidade mas não tenho outro remédio. Daí a necessidade de ter que ir até à minha aldeia com alguma regularidade. Preciso de retomar os meus passeios mensais (nocturnos das Sextas)pelos velhos caminhos romanos dos Abrolhos e do Vale Cheiroso - Ir até ao Solar dos Ventos Uivantes( onde guardo tantas recordações da minha infância) entrar na Cova da Moura e deambular pela Fraga Alta, Curva da Ferradura, Castelo Velho, Pinhal da Raposa e peregrinar por outros sítios místicos e de alto pendor iniciático. .
RECORDANDO OUTROS TEMPOS
REUNIAM-SE LÁ DEPOIS DA MEIA NOITE - EM GAROTO TAMBÉM PARTICIPEI NOS RITUAIS - AINDA HOJE GOSTO DE POR LÁ PEREGRINAR DE VEZ EM QUANDOÉ um hábito que me vem de criança: não pelo facto de lá ir a levar a comida ao nosso pastor, pois, essa tarefa, só a desempenhava para o almoço -, mas porque havia, por lá, naqueles tempos, um certo culto, que era praticado, noutro ponto dos arredores da minha aldeia, também ermo e despovoado, pelas filhas do Anjo da Luz. Eram mulheres solteironas, que se reuniam no recinto de antigo solar. Três eram minhas conhecidas, outras vinham das aldeias vizinhas. Uma delas ia buscar-me a casa, sem os meus pais saberem, tendo, por isso, participado alguns dos seus cultos.
.Confesso-lhe que nunca me senti impelido a seguir a sua cartilha, nunca a tomei muito a sério, mas diverti-me imenso com as suas rezas, com os seus rituais e com a suas estranhas evocações, aprendendo, inclusivamente, a não ter medo da noite e a saber deslocar-me, rápida e subtilmente, seja em que em ermo for e na mais densa escuridão. Aliás, ainda não há muito, apostei com um amigo que era capaz de, eu por carreiros e caminhos, e ele com o seu jipe por uma estrada sinuosa mas em bom estado, chegar ao termo de um determinado troço de estrada, primeiro do que ele, e ganhei-lhe a aposta. Daí talvez a razão de me ficar, para sempre, aquela minha curiosidade para a decifração de uns certos mistérios. Tendo mesmo, por via disso, já ensaiado, há uns anos, três viagens sozinho no mar: uma verdadeira maratona de sobrevivência, em circunstâncias bem peculiares, e que felizmente pude superar. Uma das quais, quase 40 dias. E de uma forma bem primitiva"
Designação do Sítio: Quinta de Vale Cheiroso
O edifício da Quinta é uma construção que data do séc. XVIII e foi uma casa de lavoura de grande fulgor económico, no decorrer do século XIX. Tinha forno de cozer o pão e ao lado, num dos anexos havia um lagar de vinho, daqueles que tinham tanque e trave com fuso e peso e que são comuns neste tipo de estruturas. No pombal da casa, havia uma construção sub-rectangular que se encontra do outro lado da linha de água, trata-se de um lagar de azeite. Este lagar foi construído no interior de um edifício feito em pedra. Reparte-se por três compartimentos, sendo o maior aquele onde se encontravam os elementos necessários ao fabrico do azeite. Os outros dois destinavam-se a guardar a azeitona antes desta ser triturada. No compartimento maior conserva-se a moenda formada por duas mós a rodearem no interior de uma taça de pedra. A força motriz era produzida por um animal, uma taça circular e todo o sistema de prensagem constituído por um prelum de madeira que encaixava na parede, a ara de prensagem circular e o peso da pedra com o respectivo fuso de ferro. Completava o conjunto as duas tinas de pedra para onde escorria o mosto oleário.
Arqueólogos: Carlos Alberto Brochado de Almeida/Responsável .
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POSTAGEM SEGUINTE DO MÊS DE SETEMBRO
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